013

Publicado: 17/08/2010 em Livro das Vozes

Era uma vez, uma garota. Uma pequena garota que não era como outras garotas. Ela se sentia só. Muitos garotos a achavam linda. Mas ela ñ queria nenhum deles. Não consegui gostar de nenhum deles. Sentia-se só. Escondia-se no dia dos namorados. Sentava no telhado de sua escola. Ficava a olhar as pessoas passarem. Casais passando. Gostava de fogos de artifício. Gostava de olhá-los em um lugar só seu. Longe. Ano novo. Estava a ver os fogos de artifícios no seu lugar secreto. O telhado do prédio mais alto da cidade. Eram lindos. Mas estava triste. Sentia frio.
– Os fogos ficam melhores vistos daqui de cima.
Vira-se. Uma garota. Cabelos vermelhos.
– Sente aqui. Ficar em pé apenas ira te cansar.
– Como achou esse lugar?
– Vi uma porta aberta e passei. Pareceu-me bem atrativo.
– Qual o seu nome?
– Que diferença faz? Você ira se lembrar amanhã?
– Talvez.
Encaram-se. Silêncio. Os fogos iluminavam seus rostos. “Ela é muito bonita” pensa.
– Façamos assim. Se eu me tornar alguém importante para você, você me dirá o seu nome. Se você se tornar para mim eu direi o meu.
– Porque esse jogo?
– Não é um jogo. Não quero que você desperdice o seu nome e eu não quero desperdiçar o meu.
– E como faremos isso?
– Pode começar a contar o porquê esta aqui sozinha.
Conversaram. Não olhavam para diretamente para os fogos. Seus olhos os refletiam. As cores dançavam em seus olhos. Conversaram até amanhecer.
Semanas passam. Conheciam-se. As pessoas diziam que sua nova amiga era estranha. Diferente. Não era boa companhia. Mas apenas com ela a garota não se sentia mais sozinha. Ela era a única que sempre estava do seu lado. Apoiava-a. Ajudava-a. Protegia-a.
Dia dos namorados. A garota estava novamente sozinha sentada no telhado da sua escola. Mesmo tendo uma amiga, ainda era dia dos namorados. Já desistira. Não se sentia mais tão ruim nestes dias. Já não chorava mais. Apenas frio. Sempre sobreviverá. Isso não iria mudar. Estava bem assim. Ver casais passando.
– Você tem um bom gosto para vistas.
Era ela.
– Como me achou aqui?
– Não sei. Apenas sabia que estava aqui.
– Não faz muito sentido.
– Muitas coisas não fazem sentido.
Senta-se ao seu lado.
– Não precisava ter feito aquilo por mim hoje.
– Ele estava bêbado. Queria te beijar a força.
– Mas você se machucou por causa disso. Se ficar me protegendo assim sempre vai se ferir mais. Não é a primeira vez que isto acontece.
– Há algumas coisas que vale a pena perder um pouco de sangue.
Silencio. Ficam um tempo a olhar as pessoas. Pessoas felizes. Casais.
– Você não precisa estar aqui sozinha. Há muitas pessoas que queriam estar lá embaixo com você.
– Eu sei.
– Então por quê?
Suspiro.
– Todos parecem iguais. Todos cinzas. Não consigo gostar de ninguém.
– De ninguém?
Silêncio. Olhos a se encarar. Cabelos a dançarem ao vento.
– Sara.
– Amanda.
Um momento. Um longo silêncio. Um beijo. Tão suave. Macio. Não havia mais frio.

by: Alan

Deixe um comentário